A independência do Brasil é um dos fatos históricos mais importantes de nosso país, por marcar o fim do domínio português e a conquista da autonomia política brasileira. No entanto, não podemos considerar o 7 de setembro de 1822, data da Proclamação da Independência, como um ato isolado do príncipe D Pedro I e sim, um acontecimento que integra o processo de crise do Antigo Sistema Colonial, iniciada com as revoltas de emancipação no final do século XVIII,como a Incofidência Mineira, o primeiro movimento social republicano-emancipacionista de nossa História. Os líderes deste movimento, acusados pelo crime de inconfidência (falta de fidelidade ao rei) foram presos e condenados, apesar de negarem a participação no movimento. O único que se manteve fiel e que assumiu para si, a responsabilidade de liderar o movimento foi o Alferes José Joaquim da Silva Xavier, conhecido como Tiradentes que, por sua condição social, foi o único condenado a morrrer em praça pública, por enforcamento, em 21 de abril de 1789. Sua cabeça foi cortada e levada para Vila Rica. O corpo foi esquartejado e espalhado pelos caminhos de Minas Gerais como forma de intimidar outros que pudessem contrariar a corte.
Outros movimentos de emancipação foram controlados como a Revolta dos Alfaiates, conhecida como Conjuração Baiana, formado por negros, mestiços, índios, pobres em geral, além de soldados e religiosos. Citamos também, a Conjuração do Rio de Janeiro, em 1794, a Conspiração dos Suaçunas em Pernambuco (1801), e a Revolução Pernambucana de 1817. Esta última, já na época em que D. João VI encontrava-se estabelecido no Brasil. Apesar de contidas, todas essas rebeliões foram determinantes para o agravamento da crise do Colonialismo no Brasil.
O processo da Independência
Se o que define a condição de colônia é o monopólio imposto pela metrópole, em 1808, com a abertura dos portos, o Brasil deixava de ser colônia. O monopólio não mais existia. Rompia-se o pacto colonial e atendia-se, assim, os interesses da elite agrária brasileira, acentuando as relações com a Inglaterra, em detrimento das tradicionais relações com Portugal. Esse episódio, que inaugura a política de D. João VI no Brasil, é considerado a primeira medida formal em direção ao "7 de setembro".
Há muito Portugal dependia economicamente da Inglaterra. Com a assinatura dos Tratados de 1810 (Comércio e Navegação e Aliança e Amizade), Portugal perdeu definitivamente o monopólio do comércio brasileiro e o Brasil caiu diretamente na dependência do capitalismo inglês.
Em 1820, a burguesia mercantil portuguesa colocou fim ao absolutismo em Portugal com a Revolução do Porto. D. João VI então, retorna para Portugal e seu filho, D. Pero I aproxima-se ainda mais da aristocracia rural brasileira que encaminhou a independência do Brasil, com o cuidado de não afetar seus privilégios, representados pelo latifúndio e escravismo. Dessa forma, a independência foi imposta verticalmente, com a preocupação em manter a unidade nacional, conciliando as divergências existentes dentro da própria elite rural, afastando os setores mais baixos da sociedade representados por escravos e trabalhadores pobres em geral.
Com a volta de D. João VI para Portugal a aristocracia rural passa a viver um difícil dilema: conter a recolonização e, ao mesmo tempo, evitar que a ruptura com Portugal assumisse o caráter revolucionário-republicano que marcava a Independência da América Espanhola o que, evidentemente, ameaçaria seus privilégios. Com isso, D. Pedro é sondado para ficar no Brasil, pois sua partida poderia representar o esfacelamento do país. Era preciso ganhar o apoio de D. Pedro, em torno do qual se concretizariam os interesses da aristocracia rural brasileira. Assim, com um abaixo assinado, contendo oito mil assinaturas, solicitando sua permanência no Brasil, em 9 de janeiro de 1822,conhecido como o Dia do Fico, D. Pedro I, cedendo às pressões declara: "Como é para o bem de todos e felicidade geral da nação, estou pronto. Diga ao povo que fico".
É claro que D. Pedro decidiu-se ficar muito mais pela aristocracia do que pelo povo, Isto porque, aristocracia o apoiaria como imperador em troca de uma futura independência não alterar a realidade sócio-econômica colonial. Contudo, o Dia do Fico era mais um passo para o rompimento definitivo com Portugal.
Após o Dia do Fico, D. Pedro toma uma série de medidas que desagradam a metrópole, pois preparava o caminho para independência. D. Pedro convocou uma Assembléia Constituinte, organizou a Marinha de Guerra e obrigou aa tropas de Portugal a voltarem para o reino. Determinou, também, que nehuma Lei de Portugal seria colocada em vigor sem o "cumpra-se",ou seja, sem a sua aprovação. Além disso, o futuro imperador do Brasil, conclamava o povo a lutar pela Independência.
Durante uma viagem rápida à MInas Gerais e a São Paulo, para acalmar setores da sociedade que estavam preocupados com os últimos acontecimentos que poderiam ocasionar uma desetabilização social, D. Pedro I recebe uma nova carta de Portugal que anulava a Assembléia Constituinte e exigia siua volta imediata para Portugal. Em posse dessa carta, quando voltava de Santos em direção a São Paulo, próximo ao riacho do Ipiranga, levanta sua espada e grita: "Independência ou Morte", marcando a Independência do Brasil. Em dezembro de 1822, D.Pedro é declarado Imperador do Brasil.
Os primeiros países a reconhecerem a independência do Brasil foram os Estados Unidos e o México.