A força e a habilidade das mãos que moldam e transformam o barro em belos objetos de arte estão presentes na exposição “A Céu Aberto: a louça de Coqueiros”, que será aberta nesta quarta-feira, 6 de junho, às 17h, no Complexo Cultural Osvaldo Sá, na cidade de Maragojipe, no Recôncavo Baiano. A mostra foi montada inicialmente na Galeria Mestre Abdias do Nascimento, no Pelourinho e agora retorna para suas origens. A exposição é fruto de uma parceria entre o Ministério da Cultura, através do Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular, Instituto Mauá/SETRE, Centro de Culturas Populares e Identitárias (CCPI/SECULT) e mais Secretaria de Cultura de Maragojipe.
No acervo, a típica cerâmica utilitária com panelas, tachos, fogareiros, travessas e frigideiras. São cerca de 500 peças, que resguardam uma técnica peculiar, de origem indígena, de queima da cerâmica a céu aberto – daí o título da exposição. Todas estarão à venda. “Promover o artesanato é investir em cultura e na geração de trabalho, já que, mais que um patrimônio imaterial, a atividade é fonte de renda para a comunidade” afirma a diretora-geral do Instituto Mauá, Emília Almeida.
Segundo o secretário de Cultura de Maragojipe, André Reis, a mostra revela uma das mais ricas tradições do Recôncavo”. “Poucas comunidades no Brasil dominam a técnica da queima da cerâmica a céu aberto, o que representa mais um motivo de orgulho para todos nós”, afirma. Na abertura da exposição haverá apresentação do Grupo de Samba de D. Cadu e será servido coquetel com comidas típicas da região. A mostra pode ser visitada até o dia 06 de julho.
TRADIÇÃO
Normalmente a louceira constrói uma casa de taipa ou de alvenaria, contígua ou bem próxima à moradia, para exercer o ofício, que reúne sempre mais de uma pessoa em cada etapa, desde ir buscar o barro, quando algumas mulheres acompanham os homens neste duro trabalho, passando pela confecção das peças, até o momento de apanhar a lenha e juntar as louças para a queima.
Realizada a céu aberto, na beira da estrada ou do rio – lugares chamados de queimador – a queima a céu aberto pode ser encontrada também na localidade de Passagem, no Estado da Bahia. As tonalidades azuladas e enegrecidas que marcam as peças são testemunho de uma antiga tradição indígena, e agregam valor diferencial a esse tipo de artesanato.
COQUEIROS
Situada entre o mangue e o rio Paraguaçu, no Recôncavo Baiano, Coqueiros possui a pesca como uma de suas atividades tradicionais, exercida não somente por homens, mas também por mulheres no ofício de marisqueiras. Mas além da habilidade com a pesca, as mulheres são especialmente conhecidas pelo talento de louceiras do lugar.
Em Coqueiros, há duas localidades onde se concentram as ceramistas: a Rua das Palmeiras e a Fazenda do Rosário. Na Rua das Palmeiras mora Bernardina Pereira da Silva, a dona Cadu, 91 anos, artesã desde os 10 anos, ela não esconde a satisfação de ter o trabalho reconhecido. “Eu fico tão feliz que você nem imagina, porque foi a cerâmica que me ajudou a criar meus filhos”.
Na Fazenda do Rosário a ceramista mais velha é Josefa de Jesus França, conhecida como dona Zefa, referência de muitas mulheres. A produção de cerâmica de Coqueiros remonta ao período colonial, sua técnica é passada de geração em geração pelas mãos dos antigos artesãos e preservada, até os dias de hoje.
O que: Exposição “A Céu Aberto: a louça de Coqueiros”,
Quando: de 06 de junho a 06 de julho.
Onde: Casa da Cultura de Maragogipe (Maragogipe/BA).
Parceria: Prefeitura de Maragogipe, CNFCP/MINC, Instituto Mauá/SETRE e CCPI/SECULT
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